Ocupando o 4º lugar no ranking geral dos transplantes no País, Pernambuco está inserido no maior programa público de transplantes de órgãos, tecidos e células do mundo, garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Nesta terça-feira (26.09), na sede da Secretaria Estadual de Saúde (SES), no bairro do Bongi, ocorreu a abertura da campanha nacional de doação de órgãos, que segue com programação até o dia 30 de setembro. Na quarta-feira (27.09), para chamar atenção da população para a causa haverá, das 9h às 11h, sensibilização e panfletagem de incentivo em frente ao Hospital da Restauração (HR), além de ações em instituições e unidades de saúde. Na sexta-feira (29/09), ocorre o I Simpósio de Enfermagem em Transplantes, na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE), das 8h às 18h.
"Somos referência nacional neste quesito e sabemos que o tema doação de órgãos está vinculada a uma mudança de paradigmas. Estamos alcançando boas estatísticas e isso depende do entendimento do ato solidário de doar", pontuou o secretário estadual de Saúde, Iran Costa. Durante a abertura da campanha, a coordenadora da Central de Transplantes, Noemy Gomes, detalhou o cenário das doações de órgãos e transplantes em Pernambuco. Destaques em âmbito nacional, os programas estaduais de transplantes de medula óssea e coração foram apresentados, respectivamente, por Dr. Rodolfo Calisto, do Real Hospital Português, e Dr. Fernando Figueira, do Imip.
Dados da Central de Transplantes em Pernambuco (CT-PE) mostram que, até agosto deste ano, foram realizadas 129 doações de órgãos (coração, fígado, rim e pâncreas) o que corresponde a um acréscimo de 35% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 94 doações. Sobre o número de transplantes, considerando órgãos sólidos e tecidos foram realizados 1.241, até agosto deste ano. Já no mesmo período do ano passado, foram 961, um acréscimo de 29%. Outro indicativo positivo apontado no Estado é o número de doadores por milhão de população (PMP), que neste ano de 2017 atingiu o maior número de uma série histórica realizada desde 2011. Isoladamente, no ano de 2011 foram 7,6 doadores a cada um milhão de habitantes em Pernambuco. Neste ano, o número alcançou 20,6 doadores, um aumento de 171%.
"Este contexto positivo é resultado da atuação de diversos participantes que estão envolvidos direta ou indiretamente, desde a busca pelos potenciais doadores nas unidades hospitalares até a família doadora, as equipes de captação e transplantes de órgãos e tecidos, além dos próprios funcionários da Central que coordenam todo o processo de forma incansável", comenta, Noemy Gomes. Atualmente, 1.005 pessoas aguardam na fila de espera por algum tipo de transplante em Pernambuco. No ano passado, a fila era de 1.230 pessoas, o que representa uma redução de 22% deste quantitativo.
Sobre a recusa familiar, um dos principais entraves para a efetivação dos transplantes, a média computada para este ano, até agosto, foi de 46%. Foram 109 recusas familiares depois da realização de 238 entrevistas. "Estamos mantendo a taxa de negativa familiar abaixo de 50%", afirma Noemy. Desde 1995, quando a Central de Transplantes em Pernambuco efetivou o trabalho no Estado, até agosto deste ano, já foram realizados 18 mil 542 transplantes em Pernambuco.
Fila de espera – Ao todo, 1.005 pacientes estão cadastrados em fila de espera por um órgão ou tecido em Pernambuco. Além dos 776 que aguardam um rim, há 125 esperando uma córnea, 69 fígado, 29 medula óssea, 5 coração e 1 rim/pâncreas.
Doação - Para que ocorra a doação, é preciso que haja a confirmação de morte encefálica do paciente - quando não há mais atividade cerebral, mas os órgãos continuam em funcionamento, com a ajuda de aparelhos. Para isso, há um rígido protocolo, com a avaliação médica e realização de uma série de exames. Após essa confirmação, é hora da permissão dos familiares para que ocorra a doação. O primeiro, e mais essencial, passo para se tornar um doador é avisar a seus parentes sobre esse desejo, pois, de acordo com a legislação dos transplantes no Brasil, a doação deverá ser consentida pelo familiar de até 2º grau. Após assinatura do termo de autorização, a Central encaminha o órgão para um receptor compatível, obedecendo a ordem da lista única do Estado. Vale salientar que o corpo do doador não fica mutilado e que a idade não determina se alguém pode ou não ser um doador.