A Secretaria de Estado da Saúde (SES) reúne, na tarde desta segunda-feira (15/06), gestores de municípios da Região Metropolitana do Recife para discutir estratégias para combater a sífilis em Pernambuco. A reunião será realizada às 15h no gabinete da SES, no Bongi, e vai contar a presença do secretário estadual de Saúde, Iran Costa, e dos secretários municipais de Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Ipojuca, Goiana e Paulista. Juntos, estes oito municípios concentram 70% dos casos de sífilis do Estado.

“Queremos pactuar com os municípios da Região Metropolitana do Recife o compromisso de baixar, consideravelmente, os índices de sífilis no Estado. Para isso, precisamos melhorar o diagnóstico precoce na Atenção Primária e estimular a notificação do caso e o tratamento correto da gestante infectada e de seu parceiro, além de atingir os grupos mais vulneráveis para evitarmos uma epidemia da doença”, afirma Iran Costa.

Em 2013, Pernambuco registrou 6,7 casos de sífilis congênita (quando há a transmissão de mãe para filho na gestação) para cada grupo de mil crianças nascidas vivas (total de 950 casos). O índice supera o coeficiente do Nordeste (5,3 para cada mil nascidos vivos) e do Brasil (4,7). Em 2014 (dados ainda sujeitos a alteração), foram notificados 1.235 casos de sífilis congênita, um aumento de 30% em comparação ao ano anterior. A Organização Pan-Americana de Saúde lançou um plano para que os países da América Latina e Caribe reduzam o coeficiente de incidência da sífilis para 0,5.

Com a realização do diagnóstico da sífilis e o tratamento adequado da gestante e do seu parceiro durante o pré-natal, é possível eliminar a sífilis congênita como problema de saúde pública. Já se não houver o tratamento correto, a sífilis na gravidez pode causar aborto ou morte do feto e, caso os bebês não recebam tratamento antes de um mês de vida, podem sofrer danos como cegueira, surdez e retardo mental. Em 2014, foram registrados 764 casos de sífilis em gestantes.

“Vamos dar suporte aos municípios prioritários com profissionais para auxiliarem na implantação das ações. Além disso, iremos disponibilizar unidades móveis para a realização de teste rápido na população mais vulnerável”, explica a secretária executiva de Vigilância em Saúde, Luciana Albuquerque.

Além de atuar no combate à sífilis congênita e a disseminação entre as gestantes, as ações da Secretaria Estadual de Saúde visam atingir a população mais vulnerável, entre usuários de drogas, população carcerária, profissionais do sexo, população de rua, travestis, gays e homens que fazem sexo com homens

“Esses grupos mais vulneráveis têm uma dificuldade muito maior de acessar os serviços de saúde tradicionais. E até por isso, nós temos uma subnotificação destes casos. Por isso, precisamos levar as informações sobre a doença e disponibilizar o diagnóstico e o tratamento. Mas é preciso ressaltar algo que todos já sabem: a forma mais fácil de prevenir a sífilis é com o uso do preservativo em todas as relações sexuais”, ressalta o coordenador do Programa Estadual de DST/Aids da SES, François Figueiroa.

O combate à sífilis também enfrenta outra barreira, já que alguns profissionais da Atenção Primária recusam-se a realizar o tratamento com a penicilina benzatina, o que atrasa o tratamento e aumenta o número de casos. “A eficácia do tratamento com benzilpenicilina benzatina foi testada e comprovada em todo o mundo. Porém, no Brasil inteiro, os profissionais de Saúde creem no mito das reações provocadas pela medicação. No entanto, estudos comprovam que o risco de reações adversas é menor que 0,05% e os casos de reações fatais datam do período da década de 50. Esse não pode ser, portanto, um entrave para a realização do tratamento”, explica François.

A doença – A sífilis é uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum, transmitida, principalmente, pela relação sexual desprotegida. Quando a gestante tem sífilis e não trata, pode infectar o seu bebê ainda na barriga, causado a sífilis congênita, que pode causar aborto na grávida ou malformação no feto. Quando a criança sobrevive, pode desenvolver problemas de audição, de visão e até mesmo no sistema ósseo.

Tratamento – A sífilis tem cura. O tratamento é simples e tanto a gestante, quanto o seu companheiro precisam fazer o tratamento completo para evitar a transmissão para o bebê. Para que não ocorra a transmissão vertical, é necessário que o tratamento ocorra até 30 dias antes do parto.