Reduzir o número de pessoas infectadas pela sífilis, em especial as gestantes para evitar a forma congênita - transmitida da mãe para o bebê - e realizar e ampliar testes rápidos para detecção em Pernambuco estão entre as principais metas para melhorar os indicadores da doença no Estado. Antecipando a comemoração do Dia Nacional de Combate à Sífilis, que ocorre no 3º sábado do mês de outubro, o Programa Estadual de DST/Aids da Secretaria Estadual de Saúde (SES) realiza a um conjunto de ações e atividades para intensificar o combate à doença infecciosa.

Em Pernambuco, o número de casos de sífilis congênita (em menores de um ano de idade) é crescente desde o ano de 2008. Até 2012, foram registrados 2.725 casos, com uma média de 469 diagnósticos a cada ano. Em 2008, foram 406 casos notificados enquanto em 2012 foram 740, o que representa um aumento de 45% no período analisado. Até setembro deste ano, já foram registrados 532 casos da doença.

O aumento da notificação é um dos destaques do Boletim Epidemiológico, que será lançado pela SES e emitido a todos os municípios pernambucanos. Nesta sexta-feira (18/10), uma equipe de 20 técnicos de saúde do Programa Estadual realizou mobilização e panfletagem no mercado de São José, Centro do Recife. Foram distribuídos preservativos e materiais gráficos com dicas de saúde e explicações sobre a doença, além de orientações à população sobre prevenção, transmissão e tratamento. Por dia, mais de cinco mil pessoas circulam no mercado público.

"A sífilis congênita é uma doença de notificação obrigatória pelos municípios. O monitoramento é importante para articular o enfretamento a este grave problema de saúde pública, que só será possível com o esforço conjunto de gestores municipais, estaduais, conselhos profissionais e sociedade civil", diz o coordenador do Programa Estadual de DST/Aids, François Figueirôa. As principais causas da ocorrência da sífilis congênita no Estado estão relacionadas a não identificação em tempo hábil da mãe com sífilis, ao tratamento inadequado da mãe e de seu parceiro sexual e a falta de aconselhamento em doenças sexualmente transmissíveis.

“É necessária uma sensibilização dos serviços que detectam as gestantes com sífilis para dar continuidade no tratamento dos casos. A sífilis congênita é transmitida para o bebê ainda na barriga da mãe. Por isso é importante que tanto o pai quanto a mãe façam o exame e descubram se têm a doença, evitando assim a transmissão vertical. Indicamos que os homens façam o exame que detecta a sífilis nos postos de saúde mais próximos à sua residência ou nos Centros Municipais de Testagem e Aconselhamento (CTA)”, explica François Figueirôa.

Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), cerca de 80% dos casos de sífilis congênita levam a consequências graves como o aborto, morte da criança ou sequelas neurológicas e má formação. No Brasil, as estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) de infecções de sífilis por transmissão sexual, na população sexualmente ativa, a cada ano, são de 937 mil casos. De 2008 a 2012, o Estado registrou 162 óbitos em crianças menores de um ano pela doença.

Campanha – Entre os dias 25 e 31 de outubro, uma frota de 2.090 ônibus que circulam pela Região Metropolitana do Recife (RMR) estarão com cartazes informativos afixados nos veículos. Ação resultante da parceria com a Unicef e Consórcio Grande Recife.

SAIBA MAIS:

A doença – A sífilis é uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum, transmitida, principalmente, pela relação sexual desprotegida. Quando a gestante tem sífilis e não trata, pode infectar o bebê ainda na barriga, causando a sífilis congênita, que pode ocorrer aborto na grávida ou malformação no feto. Quando a criança sobrevive, pode desenvolver problemas de audição, de visão e até mesmo no sistema ósseo.

Sinais e sintomas – A doença se apresenta em três estágios. Os principais sintomas ocorrem nas duas primeiras fases, período em que a doença é mais contagiosa. O terceiro estágio pode não apresentar sintoma e, por isso, dá a falsa impressão de cura da doença. Um dos primeiros sintomas é uma ferida no órgão genital, sem dor ou ardência e desaparece rapidamente. Apenas o exame, realizado em qualquer posto de saúde ou CTA, pode identificar se alguém está ou não com a doença.

Tratamento – A sífilis tem cura. O tratamento é simples está disponível gratuitamente nos postos de saúde. Tanto a gestante, quanto o seu companheiro precisam fazer o tratamento completo para evitar a transmissão para o bebê. Para que não ocorra a transmissão vertical, é necessário que o tratamento ocorra até 30 dias antes do parto.