A difteria é uma doença imunoprevenível, de transmissão respiratória e de notificação compulsória imediata. A transmissão ocorre pelo contato direto de indivíduos suscetíveis com os doentes ou os portadores assintomáticos respiratórios ou cutâneos. O portador assintomático, principal reservatório do bacilo da difteria, é um dos principais responsáveis pela disseminação do patógeno na comunidade, por um período de seis meses ou mais.
Apesar da intensificação das ações de vacinação, a difteria permanece ocorrendo em diversos países do mundo de forma endêmica e epidêmica, incluindo o Brasil. Entretanto, têm sido observadas mudanças no perfil clínico-epidemiológico da doença, tais como ausência de pseudomembrana e mudança de faixa etária. Quadro atípico de infecção causado pelo bacilo da difteria, relacionados inclusive com cepas não produtoras de toxina, tem sido cada vez mais frequente, incluindo endocardite, bacteremia, pneumonia e osteomilelite, responsáveis por elevados índices de mortalidade. Como esses casos não são notificados, é provável a existência de subregistro da doença no país.
Na primeira metade da década de 80, Pernambuco apresentou um número elevado de casos de difteria, seguido de tendência decrescente a partir de então, como resultado das ações de imunização realizadas. Observou-se queda mais acentuada na década de 90, com registro de casos esporádicos entre 2000 e 2014 (9 casos e 4 óbitos) e entre 2016 e 2018 (2 casos). Merece destaque a ocorrência de surto da doença em 2015, com confirmação de 11 casos em 4 municípios, dos quais 45,45% (5 casos) ocorreu em Chã Grande e 27,27% (3 casos e 1 óbito) em Salgueiro. No surto de difteria em Chã Grande foram confirmados casos pelo Corynebacterium diphtheriae e pelo Corynebacterium ulcerans, espécie da bactéria não identificada anteriormente no Estado.
Em 2019, o Ministério da Saúde divulgou a ocorrência de surtos por difteria na região das Américas, alertando para o risco de ocorrência da doença no Brasil e enfatizando a importância da intensificação das ações de prevenção (Nota Informativa n°09/2019-CGDT/DEVIT/SVS/MS). Além disso, reforçou também a importância da notificação imediata de casos suspeitos e orientou sobre a dispensação e administração de soro antidiftérico, através da Nota Informativa n°162/2019-CGDT/DEVIT/SVS/MS.
A difteria pode ocorrer em qualquer período do ano, sendo mais comum em localidades com baixa cobertura vacinal, tendo como grupos de maior risco crianças menores de cinco anos de idade não vacinadas, escolares, profissionais de saúde, militares e pessoas privadas de liberdade. Recomenda-se aos viajantes que se deslocam para áreas com surto de difteria que atualizem a vacinação conforme Calendário Nacional de Vacinação.
Vigilância Epidemiológica da Difteria
Coordenadora: Auxiliadora Sivini
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