Antecipando-se ao mês de janeiro, quando historicamente tem-se um aumento da transmissão da dengue, e ao Dia D de combate ao mosquito transmissor, o secretário estadual de Saúde, Frederico Amancio, lançou o Plano de Mobilização Social Contra a Dengue, nesta quinta-feira (11/11), às 10h, na sede do Bongi. Enfocando o componente de mobilização social, as atividades a serem desenvolvidas estão voltadas para alcançar mudanças gradativas, porém significativas, no comportamento da população, para reduzir o índice de infestação vetorial e o coeficiente de incidência da doença.
Essas ações deverão ser deflagradas em todo o Estado, porém, inicialmente, esse plano irá trabalhar com os 40 municípios prioritários no Programa Estadual de combate a Dengue e mais 7 municípios da Mata Sul que entraram em situação de calamidade após as enchentes do mês de junho (veja lista completa abaixo). “Esse trabalho será feito paralelo às ações de campo realizadas anualmente em conjunto com as secretarias municipais, na área de vigilância epidemiológica e de eliminação dos vetores”, destacou o secretário de Saúde.
A estratégia é apoiar as cidades e trabalhar mais forte a mobilização nas áreas caracterizadas como de risco, por apresentarem maior índice de infestação pelo mosquito e maior número de casos notificados. “Hoje mesmo fizemos o lançamento de campo do plano em Palmares, que foi uma das principais cidades atingida pelas enchentes”, ressaltou Amancio.
Ao todo, serão R$ 2,8 milhões investidos nas três ações pensadas para o plano: educação em saúde nas escolas, visita de mobilizadores às residências e colocação de cobertas para reservatórios de água. “A mobilização só será viável com o envolvimento dos órgãos públicos com a sociedade. Vamos auxiliar os municípios nas ações preventivas de controle à doença e dar o suporte de acordo com o que cada um precisa”, diz a secretária-executiva de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Inês Costa.
EDUCAÇÃO – Chamada de Escolas e Comunidades Promovendo Saúde, a mobilização será realizada em escolas municipais localizadas em áreas de alta incidência da dengue. Esse levantamento ficará sob a responsabilidade dos municípios.
A SES capacitará os instrutores e esses serão os responsáveis por transmitir os ensinamentos a cerca de 850 professores do ensino fundamental de 488 escolas. “Os professores aprenderão desde os hábitos do mosquito, em relação ao ciclo biológico, às noções da doença e da prevenção, repassando aos alunos de forma a estimular a continuidade da vigilância em casa e na comunidade”, pontua a gerente de Prevenção e Controle de Zoonoses da SES, Nara Arruda.
Os alunos serão estimulados a fazer a identificação dos criadouros em suas casas, conversando com os familiares e apresentando os resultados em sala de aula. Cada turma também ficará responsável por monitorar, por uma semana, a escola, eliminando os focos de dengue encontrados.
BLOQUEIO – Nas 47 cidades, os agentes municipais que trabalham no controle da dengue receberão o reforço de mobilizadores estaduais. Ao todo, serão 100 pessoas promovendo uma abordagem educativa nos domicílios, distribuindo folhetos às donas de casa, que, em geral, possuem a condição de manter o ambiente isento de condições favoráveis à proliferação do mosquito.
Em Pernambuco, cerca de 85% dos criadouros são encontrados no ambiente domiciliar. “Se a população assume o manejo ambiental, observa o local de acúmulo de água continuadamente, dispensa-se o uso de qualquer produto químico e aumenta-se a eficácia do plano”, ressalta Nara Arruda.
VEDAÇÃO – Para completar, a SES, junto com os municípios, estará colocando mais de 100 mil cobertas para reservatórios de água. “Os mobilizadores e agentes de vigilância ambiental dos municípios irão identificar as casas que necessitam da coberta e farão imediatamente a entrega e a colocação das mesmas, orientando os moradores quanto ao uso adequado”, completa Nara.
LISTA DOS MUNICÍPIOS
Municípios prioritários: Abreu e Lima, Afogados da ingazeira, Araçoiaba, Araripina, Arcoverde, Belo Jardim, Bezerros, cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Carpina, Caruaru, Escada, Floresta, Garanhuns, Goiana, Gravatá, Igarassu, Ipojuca, Itamaracá, Itapissuma, Jaboatão dos Guararapes, Limoeiro, Moreno, Olinda, Ouricuri, Palmares*, Paudalho, Paulista, Pesqueira, Petrolina, Recife, Salgueiro, Santa Cruz do Capibaribe, São José da Coroa Grande, São Lourenço da Mata, Serra Talhada, Tamandaré, Timbaúba, Toritama e Vitória de Santo Antão*.
(* Palmares e Vitória de Santo Antão, além de serem municípios prioritários do Plano Nacional de Controle da Dengue, foram atingidos pelas enchentes de junho)
Municípios atingidos pelas enchentes: Água Preta, Barreiros, Cortês, Jaqueira, São Benedito do Sul, Barra de Guabiraba e Correntes.
CASOS – Até o fim de outubro de 2010, foram notificados 51.629 casos de dengue, distribuídos em 174 municípios. Isso representa um aumento de 600,62% em relação ao mesmo período de 2009, quando foram notificados 7.369 casos, sendo 1.528 confirmados. O crescimento foi motivado pelo retorno do sorotipo DEN1 ao Estado e pela alternância de chuvas com períodos de sol, propícia à proliferação do mosquito.
Os dez municípios com os maiores números de notificações foram: Recife (13.356), Caruaru (6.040), Jaboatão dos Guararapes (4.433), Salgueiro (2.039), Olinda (2.008), Paulista (1.939), Cabo de Santo Agostinho (1.896), Petrolina (1.885), Moreno (1.150) e Garanhuns (865). Estes representam 68,99% dos casos notificados no Estado.
Em 2009, foram 23 casos suspeitos de dengue hemorrágica e 5 confirmados. Já em 2010, até agora, foram 323 notificações e 105 confirmações. Em relação aos óbitos neste ano, dos 73 suspeitos, 31 foram descartados, 13 confirmados e 29 estão em investigação.
INFORMAÇÕES SOBRE A DENGUE
Transmissão da dengue:
Doença infecciosa causada por um vírus transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti.
Sintomas da dengue clássica:
Dor de cabeça, nos músculos, juntas e olhos; manchas vermelhas no corpo e febre alta por cerca de uma semana; vômito, diarréia e falta de apetite.
Sintomas da dengue hemorrágica:
Dor abdominal, tonturas, desmaios; sangramento nas gengivas, nariz e outros locais do corpo; suor frio, fezes escuras e vômito.
Tratamento:
A dengue não tem tratamento específico. Recomenda-se repouso, tomar muito líquido e não ingerir medicamentos com ácido acetilsalicílico (AAS e Aspirina). Ao menor sinal, procurar um posto de saúde. No caso da dengue hemorrágica, a referência estadual é o Hospital Universitário Oswaldo Cruz, em Santo Amaro.
Como combater o mosquito:
90% dos focos do mosquito da dengue estão na água acumulada das casas. Tomando os cuidados necessários você reduz o risco de contágio e ajuda a acabar de vez com esse mosquito.
- Mantenha bem tampados caixas d’água, cisternas, poços ou qualquer outro reservatório de água.
- Mantenha as lixeiras tampadas e secas. Nunca jogue lixo em terrenos baldios.
- Lave os bebedouros de animais com uma bucha pelo menos uma vez por semana e troque a água todos os dias.
- Cubra e guarde os pneus em locais secos, protegidos das chuvas.
- Guarde as garrafas secas de cabeça para baixo e não deixe no quintal objetos que acumulem água.
- Encha os pratinhos de planta com areia