A Central de Transplantes de Pernambuco e o Conselho Regional de Medicina (Cremepe) promoveram, na manhã desta quinta-feira (23.05), o Simpósio de Incentivo à Doação de Órgãos e Tecidos. O encontro reuniu, no auditório do Conselho, no Recife, profissionais de saúde que atuam em diversas etapas de acompanhamento do paciente em processo de morte encefálica (ME), em alusão à Semana Estadual de Incentivo à Doação de Órgãos.

"A importância desse evento é trazer uma reflexão à luz da resolução do CFM 2.173/ 2017 e seus impactos positivos na assistência aos pacientes, garantindo um diagnóstico de morte encefálica seguro e proporcionando o treinamento de médicos e demais profissionais de saúde para a importância da comunicação entre as famílias e os profissionais que prestam assistência", comenta a coordenadora da Central de Transplantes (CT-PE), Noemy Gomes.

No Artigo 8 da resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) nº 2.173/2017 diz que o médico assistente do paciente ou seu substituto deverá esclarecer aos familiares do paciente sobre o diagnóstico de morte encefálica e os resultados de cada etapa, registrando no prontuário do paciente essas comunicações. Com o tema “A resolução do CFM nº 2.173/2017 e a comunicação em situação crítica”, com o médico e coordenador da Central de Transplantes de Santa Catarina, Joel Andrade, exemplificou as etapas de comunicação entre a equipe médica e os familiares do paciente e de que forma ela pode ser tornar cada vez mais humana e eficaz.

“A estratégia de comunicação, nesses casos, pode se dividir em três etapas: a primeira comunicação, onde se é informado à família a condição clínica do paciente; a segunda se constitui durante o processo de determinação de morte encefálica e o terceiro momento se dá após a confirmação do diagnóstico de ME”, pontuou Joel Andrade. Para o médico, é extremamente importante que a equipe de profissionais de saúde desenvolva e pratiquem a empatia, a autenticidade e a escuta ativa para melhor atuar nessas situações dentro do serviço de saúde.

O médico neurologista e membro da Câmara Técnica Nacional do CFM de Morte Encefálica, Luiz Antônio da Costa Sardinha, falou sobre outra vertente da CFM nº 2.173/2017: “Impactos sobre o processo de doação/transplantes no Brasil”. Encerrando o Simpósio, o publicitário Alexandre Barroso, contou sua história. Em 2008 foi internado após o diagnóstico de hepatite C em estágio avançado e ao todo, durante o processo de 4 anos de internação, passou por três transplantes e 11 cirurgias. Atualmente, percorre o país falando sobre sua experiência e o trabalho realizado pela Campanha Asas do Bem.

Em sua explanação, Barroso destacou que desde 2001 as companhias aéreas nacionais transportam gratuitamente órgãos, tecidos e equipes médicas envolvidas na realização transplantes. A iniciativa foi concretizada a partir de um acordo entre o Ministério da Saúde, Central Nacional de Transplantes, Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea (CGNA) e operadores aeroportuários.

O QUE É – A morte encefálica acontece quando o cérebro perde a capacidade de comandar as funções do corpo, como consequência de uma lesão conhecida e comprovada. Para que o diagnóstico seja fechado, são necessárias duas avaliações clínicas feitas por médicos diferentes não participantes de equipes de transplantes, com intervalo de tempo mínimo de seis horas. Também é exigido um exame gráfico que vai mostrar que o cérebro não tem mais função. No caso da morte encefálica, o paciente é um potencial doador de coração, rins, pâncreas, fígado e córneas.