A violência, assim como os acidentes de trânsito, tem impacto direto na saúde pública. Sendo assim, as unidades de saúde são consideradas importantes componentes no monitoramento da violência no Estado, produzindo dados que possam nortear políticas públicas voltadas para o setor segurança. Baseados nessa premissa, técnicos da Diretoria Geral de Promoção, Monitoramento e Avaliação da Situação de Saúde estarão reunidos com representantes de secretarias municipais, nesta quinta-feira (26/03), a partir das 8h30, no Hotel Marante, em Boa Viagem, com o objetivo de discutir estratégias para a melhoria da notificação de casos de violência, especialmente, em crianças, mulheres e idosos, além do perfil dos acidentes de motos no Estado e os seus impactos na saúde pública.
A reunião faz parte do programa de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), do Ministério da Saúde, que em Pernambuco é executado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). No Estado, o Ministério da Saúde recomendou a implantação do programa em seis municípios prioritários, que registram os mais altos indicadores de violência: Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Caruaru. Além desses, os municípios de Paulista, Bom Jardim, Petrolina e Salgueiro já aderiram ao programa. Segundo a diretora geral de Promoção, Monitoramento e Avaliação da Situação de Saúde, Maria José Guimarães, apesar de o Estado contar, hoje, com dez municípios notificadores, a subnotificação ainda é muito alta. “Apenas quatro municípios (Recife, Olinda, Jaboatão e Caruaru) estão enviando os dados. Precisamos saber por que os outros municípios ainda não enviaram seus relatórios e comprovar se os dados enviados condizem com a realidade”, disse. Dentre os municípios notificadores, Recife é o que mais registra casos de violência em crianças, mulheres e idosos nas unidades de saúde. No ano passado foram contabilizados 529 casos e em 2007, 520.
Acidentes de moto - Em relação aos acidentes de moto, será apresentando aos municípios o Programa Estadual de Redução dos Acidentes de Moto. Eles serão chamados a trabalharem junto com o Estado para diminuir os índices. Em 2007 (os dados de 2008 ainda não foram fechados), 136 pessoas foram internadas devido a acidentes com motos, que significa 23,9% dos atendimentos nas unidades de saúde do Estado. Quase dez anos antes (1997), foram 47 atendimentos, que corresponde a 13% das internações daquela época. “As ocorrências quase quadruplicaram em dez anos. O motivo é o aumento do número de motos circulantes nesse período”, explicou. Segundo o Departamento Estadual de Transito de Pernambuco (Detran/PE), em 1990, estavam registradas no órgão 33.381 motos. Em 2008, o número de motos chegou a 457.290.
Além disso, mortalidade por acidente de moto também aumentou: em 2007, 323 vítimas desse tipo de acidente vieram a óbito; já em 1998, foram 73 pessoas. “Os municípios que mais preocupam são os que compõem a I, IV e IX Geres (com sedes, respectivamente, Recife, Caruaru e Ouricuri). Mas, ao contrário do que se pensa, quanto menor for o número de habitantes maior a taxa de mortalidade por acidente de motos”, disse. Segundo ela, a explicação é que nos pequenos municípios há mais dificuldade em fiscalizar o cumprimento das leis de trânsito. “Os dados mostram que é indispensável o apoio dos municípios para diminuir esses números. Em um segundo momento vamos ampliar a discussão para os que ainda não estão dentro do VIVA”, disse.