Vigilância e Controle da Doença de Chagas
A doença de Chagas é uma infecção parasitária, causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi, transmitida por insetos triatomíneos, conhecidos no Brasil como “barbeiros”, “chupança”, “fincão”, “bicudo”, “chupão” ou “procotó”. As formas habituais de transmissão para o homem são: a vetorial, a transfusional, a transplacentária (congênita) e mais recentemente, a transmissão pela via oral, pela ingestão de alimentos contaminados pelo T. cruzi.
A doença apresenta uma fase aguda que pode ser identificada ou não (doença de Chagas aguda – DCA), que se não diagnosticada e tratada, tende a evoluir para as formas crônicas. As manifestações genéricas da fase aguda da doença são: febre prolongada que podem persistir por 12 semanas, fraqueza intensa (prostração), diarreia, dor de cabeça (cefaléia), vômitos, falta de apetite (inapetência), dor no corpo (mialgia), tosse, dispnéia, palpitações e outros.
A prevenção consiste em evitar a construção de casas próximas às matas; não permitir a construção dos abrigos de animais próximos às casas; não permitir buracos, frestas nas paredes e nos forros de telhados; limpar por trás dos quadros, calendários e por baixo dos colchões; não permitir amontoados de madeiras, telhas, pedras no quintal e impedir que as cercas encostem-se às paredes.
Em 2001, foram municipalizadas as Ações de Controle vetorial do Programa da Doença de Chagas, pesquisa entomológica (captura de triatomíneos nas unidades domiciliares) e o controle químico nas casas positivas com a presença de barbeiro. Os triatomíneos capturados nos municípios são encaminhados aos Laboratórios Regionais, a fim de serem identificados e examinados para a presença de T. cruzi. Desde 2011, a atividade de captura de triatomíneos nos municípios prioritários do Programa Sanar vem sendo realizada com o apoio dos agentes de endemias das Gerências Regionais de Saúde (Geres), através da formação de equipes de força-tarefa. Os triatomíneos capturados seguem o mesmo fluxo para serem identificados e examinados e o controle químico (borrifação) nas unidades domiciliares positivas é realizado pelos agentes municipais.
Em 2012, a Portaria Conjunta SES/SECTEC Nº 001 estabelece o Ambulatório de doença de Chagas e Insuficiência Cardíaca do Pronto-Socorro Cardiológico Universitário de Pernambuco (Procape) como referência no estado de Pernambuco para o diagnóstico clínico e o tratamento da doença de Chagas (Nota Técnica Nº 36/2012 – CGDT/DEVEP/SVS/MS).
Vigilância e Controle da Malária
Doença infecciosa febril, causada por parasita do gênero Plasmodium. Transmitida através da picada de fêmeas de mosquito Anopheles, conhecidos popularmente por “carapanã”, “muriçoca”, “sovela”, “mosquito prego” e “bicuda”.
No Brasil, reveste-se de importância epidemiológica, atualmente, pela sua elevada incidência na região amazônica e potencial gravidade clínica. É causadora de consideráveis perdas sociais e econômicas na população sob risco, principalmente aquela que vive em condições precárias de habitação e saneamento.
Em regiões não endêmicas, as áreas de risco são determinadas pela presença do vetor Anopheles e pela chegada de portadores de malária, oriundos da região amazônica e de outros países endêmicos.
O quadro típico é caracterizado por febre alta, acompanhada de calafrios, tremores, sudorese (suor) intensa, cefaleia (dor de cabeça), cansaço e mialgia (dor muscular), que ocorrem em padrões cíclicos, dependendo da espécie de Plasmodium. O intervalo entre a infecção e o surgimento dos primeiros sintomas (período de incubação) varia de 8 a 17 dias, podendo chegar a vários meses, em condições especiais, no caso de P. vivax e P. malariae.
Pernambuco não é endêmico para malária e a vigilância epidemiológica municipal e estadual tem como objetivo diagnosticar e tratar em tempo hábil, notificando rapidamente os casos, evitando, assim, a ocorrência de transmissão autóctone. Por se tratar de um Estado receptivo, Pernambuco está constantemente sujeito a ocorrência de surtos em decorrência do fluxo constante de pessoas oriundas de áreas endêmicas (estados da região amazônica e/ou de países africanos). As Unidades de Saúde devem ficar atentas quanto ao recebimento de pessoas que tenham se deslocado para área endêmica, e providenciar o diagnóstico imediato a partir do caso suspeito.
No Estado, as Regionais de Saúde (Geres) de Caruaru, Petrolina, Ouricuri e Salgueiro, realizam o diagnóstico laboratorial, também o Hospital Belarmino Correia, Goiana, Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), referência no tratamento da doença. Em caso de diagnóstico positivo, o tratamento deverá ser iniciado imediatamente de acordo com a espécie parasitária. Os medicamentos antimaláricos são disponibilizados gratuitamente pelo Ministério da Saúde à Secretaria Estadual de Saúde (SES) e essa, por sua vez, para as Geres. Posteriormente, a medicação específica é repassada para os hospitais a fim de que seja realizado o tratamento.
Todo caso de malária é de notificação obrigatória às autoridades locais de saúde. A investigação deverá ser encerrada em até 60 dias após a notificação. A Unidade de Saúde notificadora deve utilizar a ficha de notificação/investigação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), encaminhando-a para ser digitada conforme o fluxo estabelecido pela Secretaria Municipal de Saúde.
Vigilância e Controle do Tracoma
O tracoma é uma inflamação crônica da conjuntiva ocular causada pela bactéria Chlamydia trachomatis que, se não tratada, podendo evoluir para a cegueira. Acomete crianças e adultos, sendo as crianças mais susceptíveis. A transmissão se dá de forma direta de olho para olho, e/ou de forma indireta, através de objetos contaminados e de vetores mecânicos (especialmente a mosca doméstica (Musca domestica) e/ou a lambe-olhos (Hippelates sp).
A brigada de limpeza facial, composta por uma equipe multiprofissional, busca fortalecer as equipes escolares (alunos, professores, diretores, funcionários da escola), e a comunidade a partir da compreensão sobre a doença tracoma e as formas de prevenção, trocando informações.
Coordenação dos Programas de Vigilância da Doença de Chagas, Malária e Tracoma
Coordenadora: Gênova Maria de Azevedo Oliveira
Telefone: (81) 3184.0220 / 0216
E-mail: chtmpe@gmail.com